segunda-feira, dezembro 7

2, 3, 4 e 5 de Dezembro

Pois é, caros leitores, assíduos ou não. Os dias a que me vou referir foram passados em pleno movimento pelo país espanhol.
Dia 2 estive a Norte de Madrid, acerca de 80km, estudando a Serra de AltoMira, um conjunto de dobras de propagação de falha. Vimos coisas muito interessantes, com a ajuda do professor Ramón Capote, desde pequenas estruturas como crescimentos de gesso, indicadores de cinemática de falhas até uma grande estrutura da dobra de propagação de falha, os elementos que a constituem e também uma mega discordância ângular que passa a discordância progressiva.





Rellano (horizontal) y rampa trasera


à direita ângular e passa a progressiva para a esquerda


indicação de estria num plano de falha

Dia 3 acordei cedinho para estar às 7h30 na faculdade, sairiamos as 8h! Longas horas de viagem, que no entanto foram passadas na calmaria e na alegria de estar a viajar para o sol, e seguimos caminho até Cartagena. Chegámos à hora de almoço e por isso mal chegámos ao Cabezo Rajao fomos comer. Após a comida, distribuição dos gps para fazer georeferenciação de fotos (OMG). Subimos o domo (haha) e visitámos as instalações de uma antiga mina onde se explorava Pb, pela extracção de galena. Esta mina já no passado tinha sido explorada por Romanos, bem como quase toda a região, devido ao facto desta galena ser rica em Prata, algo que tirava qualquer romano do sério ( e a mim tbm! era só a ter visto se ainda lá estivesse...uma pepitinha... tinha sido bom). Mas não... tudo completamente alterado. A rocha compósital, dacitas e amigas íntimas da senhora, todas a sofrerem de alteração propilítica (chl+epí+carb) tons verdes por todo o lado, provido da fase de percolação de fluidos hidrotermais e argílica avançada (destruição dos feldspatos em caulinites) por fluidos hidrotermais e mais intenso por alteração supergénica.



e obviamente os nossos amigos oxidos de ferro, descendentes da nossa grande amiga pirite que trata de destruir tudo o que são águas de pH neutro e que é persistente neste tipo de depósitos. Por isso magnetites não faltavam e também tinhamos os amigos hidróxidos (ah, achavam que faltavam) com carradas de Limonites (Goetite) e hematites.
O jazigo aqui presente era do tipo stockwork, uma carradona de veios mineralizados que se cruzavam e entrecruzavam. No entanto, percebe-se pelo desaparecimento de massa rochosa que as direcções preferenciais de mineralização eram mais ou menos N60W e N15E como indica este esquema.


aspecto de um stockwork


Ainda fizemos um desvio até ao porto de portman, uma antiga baia que foi completamente atolhada com estéreis providos das cortas adjacentes do porto, devido ao mau planeamento de despejo dos restitos dos lavadeiros, que eram lançados a 500m da costa. O mar fez o favor de devolver tudo e fechou o que antes era uma antiga baia e que se pode ver perfeitamente por imagens de satélite.


Depois seguimos viagem até à nossa querida estalagem, mais não era do que um hotel 3***, simplesmente brutal. Pois é... estava na altura do descanso.

Dia seguinte (4) acordei com a espectacular surpresa de um nascer do sol vindo do mar. Para quem está habituado a pores-do-sol fantásticos, espantada ficou com un nascer lindissimo.


Toca a descer para o pequeno-almoço. Mesmo muito bom. Tudo o que se pode imaginar para um pequeno-almoço rico. e barriga cheia saimos às 8h30.
Arrepiar o pneu, pois ainda nos demorámos 1hora e picos para voltar a La Unión, onde nos iriamos encontrar com um espertizer da região e seus alunos para visitar 3 cortas, explorações a céu aberto, a corta Brunita, a Corta Emília e a Corta Sultana. A primeira inicialmente exploração subterrânea, foi depois exponencialmente reaproveitada a partir das colunas (e só sacaram 3Mton de produto) com teores de Zinco 4%, Pb 2% e S 40%. Este depósito era estratificado, sendo explorado do complexo Nevadofilábride, complexo de filitos grafitosos.


Neste momento as águas têm uma acidez de 2.8

Seguimos para a Corta Emilia, um depósito massivo de sulfuros de Zinco e Chumbo, explorado essencialmente daquel que se chama 2ºmanto e que se encontrava alojado em Mármores. Fizemos uma descida e sacámos umas quantas amostras hehehe foi só picar e encontrar galenas lindas de morrer, gordas como tudo, esfalerites, pirite e marcassite (o meu olho não distingue mas dizem que tá tudo no brilho), magnetite, goetite de alteração e siderites maravilhosas (como eu adoro este carbonato).



a xixa grossa!
Neste momento esta corta é utilizada para despejo de lixos variados.

Parada para almoço e seguimos para a corta Sultana, a última do dia. Aqui o minério encontrava-se disseminado (pois é... nada fácil) pelos depósitos Miocenos (arenitos maioritariamente) e inicialmente foi explorado apenas de uns conglomerados onde a concentração era maior e portanto viam-se os minerais. Após sondagens mais eficázes, verificou-se que devido a uma tectónica do tipo graben, toda uma zona central tinha sido enriquecida e portanto era ainda um poço explorável. No entanto, como esta corta se encontra muito próximo de uma povoação Lleal de Boal, expulsaram os mineiros e tudo o que quisesse lá ir, inclusivamente os proprietários tentaram vender a mina a uma empresa australiana e no dia da visita havia uma manifestação do tipo cordão humano, pois os homens do povo tinham colocado espias dentro da empresa. Uma guerra que terminou a favor do povo.





pirite no conglomerado

Despedimo-nos e voltámos para o hotel. Mais uma hora de viagem. Chegámos ao nossa major hotel, tomar uma banhoca deliciosa, arrumar tudo para o dia seguinte zarpar e desci até à sala dos pc's para falar um pouco com o Pedro. Pois é, semana complicada para os 2, pois nesse mesmo dia o Pedro ia para a sua conferência no Casino de Hobart e no dia seguinte iria seguir na sua excursão pela Tasmânia, visitar minas e afins. Conversámos uma horinha e depois cada um foi fazer o que lhe competia, ele tomar o pequeno almoço e tomar banho e eu jantar uma hamburguesa no bar do Hotel, à conversa com os meus companheiros de grupo.

O último dia chega, estava reservado o domo de S. Cristobál-Perules. Este domo não é um domo qualquer. Mega exploração, é o que eu posso dizer. Tivemos oportunidade de deitar uma grande olhadela à Cordillera Bética assim pura e dura, um vistaço a brechas vulcânicas do domo e visitar mais um depósito do tipo Stockwork, mas que era explorado em profundidade.






Margaritas, efeito de alteração por sulfatos de ferro.






Brecha autoclástica do domo


depósito piroclástico - toba dacítica ( e potásica) anfibólica vesicular


Domo massivo com stockwork

Agora de volta a Madrid, por casa, sossegada... trabalhos e estudar para os exames...  pouca vontade com o Natal à porta.
Abreijos